Por Miguel Machado. 24 de Julho de 2009.
O Regimento de Lanceiros 2 (RL 2), localizado na Calçada da Ajuda em Lisboa, tem uma história que remonta ao século XIX e, curiosamente, à cidade do Porto. Na realidade foi no Quartel-General Imperial do Porto, através da Ordem do Dia de 7 de Fevereiro de 1833 que apareceram os Lanceiros em Portugal e mais concretamente o Regimento de Lanceiros da Raínha.
O edifício principal do Regimento, visto da Parada Marechal Carmona, alberga no piso térreo a Unidade Museológica.
E a história dos Lanceiros continuou em Portugal Metropolitano e nas Colónias de África e do Oriente, nesse século e no seguinte e hoje os Lanceiros mantêm-se, como no passado, a servir Portugal agora nas Missões de Paz. Parte importante desta epopeia dos Lanceiros e de outras unidades que as vicissitudes da história militar portuguesa acabaram por extinguir e ao RL 2 coube a honra de salvaguardar o seu espólio, estão expostas na Unidade Museológica do Regimento de Lanceiros n.º 2.
Estivemos no Regimento, visitamos este espaço de memória, e aqui deixamos uma pequena imagem daquilo que é o seu acervo e como está organizado.
Em 2003 no local onde em tempos longínquos funcionou uma arrecadação de material de guerra, foi criado este interessante espaço que permite ao visitante tomar contactos com aspectos relevantes da história dos Lanceiros em diferentes períodos históricos.
As instalações agora visitadas ao tempo desta foto (finais do século XIX?) serviam de arrecadação de material de guerra.
Os materiais expostos provêm de ofertas particulares de antigos militares e de objectos (armas, mapas, fardamento, equipamento, quadros, símbolos heráldicos, documentos, e tantos outros) que por qualquer motivo “foram ficando” na unidade e, em cada momento, um ou outro militar com maior consciência evitou a destruição ou alienação, e também de ofertas à unidade. Neste último aspecto é de assinalar, por exemplo, várias armas ligeiras (pistolas e espingardas) que nunca foram usadas pelo Exército Português mas que têm grande valor museológico e estão bem integradas no conjunto.
No momento em que a nossa visita decorreu o espaço estava organizado como a seguir se indica. No entanto, como nos foi dito, o princípio que preside à organização é o de poder, de quando em quando haver mudanças. Ou seja, nada nos garante que numa próxima visita o leito vá encontrar as salas de exposição com os assuntos que agora passamos a apresentar.
A parte respeitante ao regicídio é muito completa com documentos, fotos e armas. A ligação do Regimento à Família Real sempre foi muito estreita e isso sente-se no decurso da visita.
Capacete de Oficial do Regimento de Cavalaria n.º 2, Lanceiros de El-Rei, modelo de 1895, com penacho.
A primeira sala apresenta o período do século XIX e as relações entre a Família Real e o Regimento. De destacar o detalhado painel com documentos e peças relativas ao regicídio de 1908, e a parte dedicada às campanhas de África em que se distinguiram, entre muitos outros, Mouzinho de Albuquerque, um dos símbolos maiores dos Lanceiros e da Cavalaria portuguesa.
A metralhadora "Vickers-Amstrong" 7,7mm m/1917, juntamente com a "Maxim" e as suas congéneres alemãs, foram das armas mais mortíferas da Grande Guerra.
A sala dedicada ao RC 7 e em primeiro plano a placa toponímica de Nanbuangongo recolhida pelo Alferes de Cavalaria Mendes Domingues do Esquadrão de Cavalaria 149, em 10 de Agosto de 1961, no decurso da operação "Viriato" que ocupou esta localidade considerada pela UPA - movimento de guerrilha- sua "capital" em Angola.
Na segunda sala, de um lado “aparece-nos” a recriação de uma trincheira da Grande Guerra, com diverso armamento e equipamento da época de que sobressai a conhecida - e terrível à época - metralhadora. Neste lado da sala também um sector dedicado a uma das unidades extintas que aqui encontraram “guarida” para a história, o Centro de Instrução de Policia do Exército (de Portalegre). No outro lado da sala encontramos a memória da Campanhas anti-subversivas em África entre 1961 e 1975 e ainda algumas recordações de outras colónias onde a guerra não chegou mas onde unidades de Policia Militar estiveram.
Carros de combate "Centauro" Mk I 24-28 TON 5,7cm no Regimento de Cavalaria 7. Durante anos esta foi uma das mais poderosas unidades do Exército.
A Policia Militar enviou unidades expedicionárias para os "quatro cantos" do Império. Heráldica e quadros resumo das unidades mobilizadas estão hoje expostos.
Segue-se uma sala dedicada a uma das unidades que em tempos teve maior importância e prestigio na arma, o Regimento de Cavalaria n.º 7. Como em tantos outros casos um pouco por todo o mundo as mudanças políticas não são em muitas ocasiões respeitadoras da história e o RC 7, outrora uma das forças mais modernas e poderosas do Exército, está agora confinado a este espaço. Pelo menos com dignidade é certo. É ainda nesta sala, mas no lado oposto que se encontram algumas armas ligeiras que permitem comparar, por exemplo, que tipo de revólveres e espingardas se usavam na Europa e nos EUA nos finais do século XIX e princípios do século XX.
O barrete que pertenceu ao capitão de cavalaria e piloto-aviador Óscar Monteiro Torres, herói da Aeronáutica Militar morto em combate nos céus de França em 1917 aos comandos de um Spad.
Conferências, seminários e mesmo aulas têm aqui um espaço agradável e funcional.
Segue-se uma última sala que está adaptada para poder receber conferências ou outro tipo de reuniões/aulas e que ainda assim dispõe de vitrinas com armas ligeiras e documentos que as enquadram historicamente. É também aqui que periodicamente se expõem alguns materiais relativos às actuais missões exteriores que militares do RL 2 têm cumprido.
Em suma, mais que uma visita à história dos Lanceiros, fizemos uma passagem por parte da história militar do nosso país que ali, naquela antiga arrecadação de material de guerra está bem preservada e recomenda-se.
Calçada da Ajuda, Exército, Museus, RC 7, Regimento de Cavalaria 7, Regimento de Lanceiros 2, RL 2,Unidade Museológica
FONTE: OPERACIONAL
O Regimento de Lanceiros 2 (RL 2), localizado na Calçada da Ajuda em Lisboa, tem uma história que remonta ao século XIX e, curiosamente, à cidade do Porto. Na realidade foi no Quartel-General Imperial do Porto, através da Ordem do Dia de 7 de Fevereiro de 1833 que apareceram os Lanceiros em Portugal e mais concretamente o Regimento de Lanceiros da Raínha.
A Policia Militar enviou unidades expedicionárias para os "quatro cantos" do Império. Heráldica e quadros resumo das unidades mobilizadas estão hoje expostos.
FONTE: OPERACIONAL
Sem comentários:
Enviar um comentário